Ana Holck
Ana Holck
Ana Holck
1977, Rio de Janeiro, Brasil
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
A formação de Ana Holck abrange Mestrado em História na Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-Rio), PhD na Escola de Belas Artes na Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), e Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). Inicia sua trajetória nos anos 2000, com instalações de grande formato. Sua obra busca um diálogo entre a arte e os espaços arquitetônicos urbanos em busca de novas relações e de uma geometria contemporânea. Utiliza materiais diversos, como vinil adesivo, policarbonato alveolar, tijolos, blocos de concreto, que têm suas funções originais subvertidas pela artista que produz, principalmente, esculturas e objetos.
Entre as principais exposições destacam-se “Bastidor”, Centro Cultural Banco do Brasil, “Lugar Algum”, SESC Pinheiros (2010), “Os Amigos da Gravura”, Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro, “Notas sobre Obras”, Mercedes Viegas Arte Contemporânea e Galeria Virgilio (2006); “Canteiro de Obras”, Paço das Artes (2006); “Elevados”, Paço Imperial (2005); e “Quarteirão”, Centro Universitário Mariantonia (2004). Participou das coletivas “AGORA” simultâneo instantâneo, no Santander Cultural Porto Alegre (2011), “Trilhas do Desejo”, Rumos Itaú Cultural (2009); “Borderless Generation”, Korea Foundation, Seul (2009); e “Nova Arte Nova”, CCBB (2008).
Recebeu o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea (2011) e o Prêmio Funarte de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça (2009), entre outros. Possui trabalhos nas coleções Itaú Cultural; MAM São Paulo, MAM Rio de Janeiro (col. Gilberto Chateaubriand); MAC-Niterói e Pinacoteca de São Paulo. Em 2011, participa das coletivas Lost in lace, no Birmingham Museum of Art e Nova Escultura Brasileira na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.
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10.Mai.2023 - 05.Ago.2023
Anita Schwartz XXV
A exposição Anita Schwartz XXV é uma celebração aos 25 anos de aniversário da galeria, onde essa história é contada a partir dos artistas e suas obras. A pesquisa curatorial percorreu o arquivo da galeria, fundada em 1998, em busca de imagens e textos críticos das exposições, feiras e publicações, com o intuito de construir uma linguagem possível sobre as experiências artísticas que moldaram o seu programa.
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23.Jan.2019 - 31.Mar.2019
Visitas ao Acervo 2
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05.Fev.2015 - 14.Mar.2015
A primeira do ano – Pequenos formatos
Anita Schwartz Galeria de Arte, apresenta a exposição "A primeira do ano - Pequenos Formatos", com cerca de 50 obras inéditas e recentes de 22 artistas, como Abraham Palatnik, Ana Holck, Angelo Venosa, Bruno Vilela, Carla Guagliardi, Claudia Bakker, Daisy Xavier, Estela Sokol, Everardo Miranda, Gustavo Speridião, José Paulo, Maria Lynch, Niura Bellavinha, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Rochelle Costi, Thomas Florschuetz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, entre outros.
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16.Mai.2014 - 05.Jul.2014
Matriz e desconstrução
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 15 de maio de 2014, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Matriz e Desconstrução”, que ocupará todo o espaço expositivo do edifício, com curadoria da crítica de arte Luisa Duarte, que selecionou trabalhos dos artistas Adriano Costa, Ana Holck, Angelo Venosa, Carla Guagliardi, Daisy Xavier, Gustavo Speridião, Waltercio Caldas, Wagner Morales, Nuno Ramos e Matheus Rocha Pitta.
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13.Fev.2014 - 12.Abr.2014
Éter
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 12 de fevereiro de 2014 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição coletiva “Éter”, com 24 obras de 17 artistas representados pela galeria, sendo três delas – dos artistas Gustavo Speridião e Otávio Schipper – inéditas. As demais obras foram produzidas entre 1999 e 2013, em diferentes técnicas e suportes, como pintura, desenho, escultura, instalação e site specific.
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22.Mar.2012 - 12.Mai.2012
Ensaios não-destrutivos
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 21 de março de 2012 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Ensaios não destrutivos”, que ocupará o térreo da galeria com trabalhos inéditos da artista carioca Ana Holck, feitos especialmente para esta mostra.
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19.Jan.2012 - 10.Mar.2012
A primeira do ano
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 18 de janeiro de 2012 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “A primeira do ano”, que ocupará todo o espaço expositivo da galeria com obras de 21 importantes artistas brasileiros: Abraham Palatnik, Ana Holck, Ana Linnemann, Angelo Venosa, Artur Lescher, Carla Guagliardi, Carlos Zilio, Celia Euvaldo, Claudia Bakker, Daisy Xavier, Estela Sokol, Everardo Miranda, Fernanda Quinderé, Gustavo Speridião, José Paulo, Marco Veloso, Nuno Ramos, Roberto Lacerda, Suzana Queiroga, Wagner Morales e Waltercio Caldas.
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27.Out.2011 - 07.Jan.2012
Em torno da escultura
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 26 de outubro para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Em torno da escultura”, que ocupará todo o espaço expositivo da galeria com 18 obras, sendo algumas inéditas, de importantes artistas do acervo, tendo como enfoque a escultura e outras linguagens que exploram a tridimensionalidade. Com curadoria de Guilherme Bueno, a mostra terá obras de Ana Holck, Ana Linnemann, Angelo Venosa, Antonio Manuel, Artur Lescher, Carla Guagliardi, Carlos Bevilacqua, Daisy Xavier, Estela Sokol, Felipe Cohen, Gonçalo Ivo, Gustavo Speridião, Ivens Machado, Otavio Schipper, Romano e Waltercio Caldas.
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24.Nov.2010 - 01.Mar.2011
Desenhos & Diálogos
O acervo da galeria Anita Schwartz, em mostra de desenhos, revela diálogos entre processos artísticos, por intermédio de técnicas e materiais, no jogo de superfícies, tramas, linhas, formas e cor. O desenho enquanto um jogo pensado para estruturar uma escrita, como definiria Jacques Derrida, um vir-a-ser-imotivado do símbolo, reconstitui as mais remotas investigações da arte, quanto as possibilidades com os limites de ver, representar e interpretar as coisas do mundo pelo olhar diverso de cada um. É com este olhar que as obras dos artistas do acervo Anita Schwartz, agrupados em Diálogos, nos favorecem encontros com a leitura da arte. Para complementar estas leituras serão apresentados no contêiner da galeria Vídeos realizados pelo Canal Brasil, do Programa Catálogo, dirigido por Marcos Ribeiro, sobre os processos artísticos onde estarão expostos os processos de Daniel Feingold, Wanda Pimentel, Ana Holk, Carlos Zilio, Marco Veloso, Niura Bellavinha, Gonçalo Ivo, Suzana Queiroga e Ivens Machado.
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Corpo pavimentado
O projeto de Ana Holck para os Amigos da Gravura aventa espaços públicos e privados, questões semelhantes àquelas de seus outros trabalhos, modificando, contudo, a relação espectador/obra. Em alguns casos o espectador entra (mesmo especulativamente) na obra; em outros a escala entre as partes se faz eqüitativa – como em suas esculturas recentes. Aqui há uma inversão, fazendo-nos pensar se ela se ajustaria ao espectador, tomando-o (metaforicamente) como “pedestal”.
Sua gravura é uma ocupação arquitetônica e subjetiva. O colar (com outra inversão – de valores: uma jóia de materiais não nobres) remete materialmente, com sua pastilha de piso, aos blocos de pavimentação usados pela artista em esculturas cujo cerne é o contato e contágio entre uma construtividade urbana e procedimentos artísticos. Um estar no espaço que declara autonomia objetual e vínculo corpóreo ao lugar onde se implanta. Sua jóia partilha desta inserção: possui forma própria, mas pode “camuflar-se” entre as inúmeras coisas que habitam uma casa como peças de design, mobílias, os (infames) objets d’art..., gravuras espalhadas por paredes e gavetas – o universo pessoal da residência e suas memórias, como na Chácara do Céu. Ela circula entre pescoços, olhares, criados mudos e conversas se “instalando” no ritmo de um espaço menos físico e mais da “sociabilidade”. Esta mudança de eixo e escala contribui para o objeto, justamente no que ele tem de “dinâmico” em seu jeito de perceber o lugar, tangenciar gravura e design (com sua idéia de reprodutibilidade), escultura, instalação, site specific sem fixar-se em nenhuma delas.
Tal objeto discreto e hipnótico exige do olhar outra direção. E, símbolo de sedução, ironiza um olho corpóreo mas que se quer apenas visual, quando, ao mirar a jóia e seu “suporte”, oscila entre contemplação e desejo. Uma fina indagação sobre o corpo e o espaço contemporâneos – mundo radiante de metal e pedra... e tantas outras coisas e sentidos.
Agosto de 2010
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Os trabalhos de Ana Holck se implantam por meio de uma espacialidade negociada. Em seu caso, isto vai além de uma discussão já intrínseca à arte contemporânea de operar frente aos inúmeros matizes da relação arte x instituição, mas sobretudo no fato mesmo da obra executar um efetivo, ainda que sutil, tour de force para se tornar real. Pode-se mesmo cogitar se eles não funcionam como um sistema de acidentes, uma vez que sempre se nota o defrontar físico e crítico entre uma noção intelectual de projeto e as contingências as quais os objetos se vêem submetidos quando ingressam em um campo de fatos, como é o caso do espaço da existência.
Tais ocorrências são reconhecíveis desde as primeiras instalações, como Empena Cega, de 2001. A artista ocupara o intervalo entre dois prédios – no qual há uma escadaria – com duas largas tiras de vinil adesivo formando uma viga mole, sujeita a colapsar pela força da gravidade. Esta geometria de um equilíbrio frágil, geometria temporal e corpórea, encontra seu correspondente em um espectador também deslocado, instável: ora se vê em movimento (como em Transitante, de 2003), ora impedido (Quarteirão, 2004) – fica patente que não há um lugar, ou, melhor dizendo, o lugar, do qual ele elucide em definitivo o trabalho ou a si mesmo. Elevados (2005) e Rotatória (2003 e 2008) acionam de duas maneiras este problema. No primeiro, pelo movimento de vórtice proporcionado pela instalação, que revolve e torce os limites entre teto e piso (algo testado outrora em Transitante), criando uma trama dentro (e ao redor) da qual o espectador se move, de modo que seu reposicionamento freqüente coloque em jogo a fronteira entre ponto de vista (ótico) e ponto de referência (corporal). Em Rotatória, o problema é semelhante, porém em sentido diferente: aqui o percurso é infinito, criando o paradoxo da obra se mover sem sair do lugar, perfazendo uma dinâmica análoga à progressão do Bolero, de Ravel. Aqui reconhecemos outro dispositivo de suas obras: um entremear de uma lógica instalativa e outra objetual.
Apontar para tal interseção tem significado particular em seu trabalho. Se a discussão motivadora do “pós”-modernismo nasce daquilo chamado de hibridização das categorias, o que dizer de uma investida que cruza linguagens plurais? No que se refere às propostas de Ana Holck, marca-se a singularidade delas conjugarem uma autonomia da obra com uma especificidade do espaço da qual se apropriam. Não cabe distinguir se o lugar se torna escultórico ou se a intervenção se dissolve nele; o ponto-chave é o intercâmbio travado entre ambos. A conseqüência disso é perceptível no modo como uma perspectiva de história (da arte) se torna uma matéria poética, ganha uma plasticidade espacial subjetiva. O que é reconhecido em Fuga (2004), executado no histórico antigo edifício do Ministério da Educação. Nele, Holck adicionou a uma das fachadas de vidro películas de controle solar com variadas gradações, que, dada a abertura das janelas, criava um ritmo de passagens de luz tanto dentro quanto fora do edifício. Se quisermos colocar o tema da história do espaço em termos objetivos, atestamos que esta homenagem a um só tempo à equipe antológica dos arquitetos brasileiros envolvidos no projeto, a Le Corbusier e ainda a Mondrian especula sobre uma circunvolução e compressão deste espaço em um campo entre o tridimensional e o pictórico. Fixadas num único elemento (o vidro – e pense em sua importância para a organização do espaço da pintura desde a perspectiva) os sistemas de Corbusier (o pano de vidro e o brise-soleil) e camadas de paradigmas que fundaram a opacidade do campo pictórico, valem-se mais uma vez de dispositivos a um só tempo instalativos e escultóricos. Não é citacionismo ou emulação, mas reflexão sobre a temporalidade conceitual e material da arte contemporânea. O mesmo ocorre em Contra-muro (2009). Nele as paredes da sala são preenchidas por um muro de tijolos construído pouco a pouco, o qual, no entanto, erode quando na iminência de sua conclusão. Antes (como se dava em Impedimento,2003 e Quarteirão) havia a incidência de uma “redundância” do espectador – o desejo de “entrar” na obra tinha que ser potencializado através de uma fisicalidade do olho, que tinha que perfurar as barreiras e percorrer a sala. Agora esta duplicidade recai sobre a corporeidade tanto do espaço quanto da imagem: é um “raio-x” do cubo branco (independente até se a projeção ocorre sobre um muro de tijolos ou de concreto armado). Compare-se-o com Rotatória. Os dois funcionam a partir de um looping. Contudo, diferente do primeiro, Contra-muro faz o espaço se mover em direção ao espectador. Sua dinâmica, também à diferença de projetos anteriores não é mais o embate imediato com a gravidade, e sim com seu duplo ficcional, a queda da imagem, que passa a ter um instigante peso.
Resta uma nota sobre outras séries como Canteiro de Obras e Pontes (ambas de 2006): elas podem ser entendidas tanto como desenhos espaciais quanto imagéticos. O esgarçar da grade moderna (que sempre interessou a artista) transita entre o volume cúbico das “maquetes” da série Pontes e a trama construtiva registrada nas fotos de empreendimentos da engenharia civil que sofrem a intervenção da artista. Ambos testam em outras modulações a condição ótica do espectador acima mencionada – o modo como precisam atravessar aquele espaço, bem como assinalam uma outra inversão naquilo que chamamos de sistema de acidentes, que neste caso se voltam para o itinerário do trabalho artístico. São desenhos que não são projetivos, mas conclusivos. Eles nascem como aferição, como internalização no objeto daquele espaço outrora externo e que agora precisa enfrentar a exterioridade da imagem, um espaço instalativo que agora, mais do que escultórico, reverte-se em objetual, ao ser concentrado nas caixas de acrílico ou em um backlight. Notas para uma crítica da razão desencantada, ainda que imprescindível e ativa.
Rio de Janeiro, outubro de 2009.