Notícias


Feiras

Claudia Melli

+ Infos sobre Artista

Claudia Melli

Claudia Melli

Claudia Melli

1966, São Paulo,Brasil

Vive e trabalha no Rio de Janeiro

 

Download CV

Embora o ponto de partida da poética do trabalho de Claudia Melli seja fotografias extraídas da mídia, seu trabalho não é documental, a imagem é gerada por meios híbridos onde fotografia e desenho se fundem em diversas camadas de imagens e significados. Imagens que fragmentam e redistribuem o espaço, dando origem a uma paisagem onde a veracidade da fotografia passa a ser questionada. A artista desarticula procedimentos técnicos e temas como a paisagem clássica. Na fronteira entre o desenho, a pintura e a fotografia, a artista desenvolve a sua poética da atenção. O vidro, com sua transparência, acrescenta ao desenho algo que falta ao papel. A experimentação com o suporte decorre também de sua procura por meios expressivos que possam misturar percepção e expressão, olho e mão, impressão e construção.  A ausência de pessoas não implica a ausência do humano; remete a um resíduo imaterial. É como se as pessoas tivessem acabado de sair da cena, nos transformando em espectadores de um mundo cansado da presença humana. Diante dessas imagens acabamos em uma espécie de suspensão entre a percepção de lugares em que nunca estivemos e de não-lugares em que estamos constantemente. Cenas repletas de ausência, esvaziadas de tempo; temas recorrentes no trabalho da artista são representados pelos mares, árvores, ventos, o voo das aves, - metáforas dos ciclos naturais que se repetem como as estações, o movimento das marés, o dia e a noite - a passagem do tempo. Sendo a Terra um sistema fechado, todas as coisas se transformam e mantém o fluxo contínuo da vida que faz com que estejamos conectados. Não se trata de uma visão ambiental ou ecológica, mas de perplexidade diante da natureza.

A artista realizou sua formação de arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro nos anos 1990, frequentando cursos de desenho, gravura, pintura e teoria da arte. Claudia conta com exposições na Fundação Walter Wültrich – Basel, Suíça; Museu da República, RJ – e diversas mostras individuais e coletivas em galerias e instituições. Destaca-se a exposição individual no MAM -RJ em 2015 sob a curadoria de Luiz Camillo Osorio, exposição no Centro Cultural dos Correios-RJ, Casa França Brasil-RJ, Museu da República, Parque Lage - RJ. Suas obras integram coleções como as do Banco Espírito Santo, Brazil Golden Art- BGA Fund., H.Martins e F.Feitosa e do MAM-RJ- Coleção Gilberto Chateaubriand.

 

  • RESPIRA Agnaldo Farias

    Como se depreende de seus desenhos/pinturas/fotografias (como situar com precisão esses trabalhos fundados na delicadeza e no enigma?), Claudia Melli é fascinada por acontecimentos discretos: o modo como os murmúrios brotam à tona do silêncio; o arfar suave de um animal dormindo; as andorinhas que se lançam pelo azul até adejarem a superfície do mar; a superfície do mar,  calmo e prateado, estilhaçado em uma miríade de ondas pequenas e ininterruptas; as danças circulares praticadas em pontos diversos do planeta, que se vão expandindo, ressoando, repercutindo, em direção ao desejo de juntar o mundo todo num mesmo ritmo de corpos e corações.

     

    Para essa exposição, Respira, a artista produziu uma série de paisagens. Paisagens diferentes, não propriamente estranhas, mas pouco frequentadas: paisagens submersas, semelhantes as que encontramos no chão do mar perto da costa. Do mesmo modo como suas outras séries agarram nosso olhar, obrigando-o a descer, a atender o apelo da gravidade, essas pinturas sobre papel leva-nos para dentro de atmosferas densas e esverdeadas, habitadas por plantas longilíneas e translúcidas, que dançam molemente ao som de uma música inaudível, o que não impede que a imaginemos. Claudia Melli escuta o mundo. Preocupada em realizar um registro do que nele é essencial, aproxima-se com todo cuidado e concentração possíveis, e dele volta com notícias animadoras. Pois contra um cotidiano veloz e massacrante, ela apresenta espaços e tempos calmos, além de ações elementares e básicas, como a prática de um desenho que pretende ir muito além da folha de papel. Com esse novo conjunto de trabalhos, Claudia oferece-nos a lição de que talvez a prática da quietude seja a estratégia fundamental para percebemos o elo íntimo entre a nossa respiração e a do mundo.

  • Biografia
  • Textos
  • Clipping
  • Publicações
  • Compartilhar