Liana Nigri
Liana Nigri
Liana Nigri
1984, Rio de Janeiro, Brasil
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
Artista visual, mestre em 'Estudos Contemporâneos das Artes', pela Universidade Federal Fluminense, onde investigou a ideia de 'Gestos de contato: corpo-matéria'.
Liana Nigri é artista visual profundamente interessada em BioArt com mestrado em ‘Design for Textile Future’ na Central Saint Martins, em Londres, e em ‘Estudos Contemporâneos das Artes’, pela UFF, onde investigou a ideia de ‘Gestos de contato: corpo-matéria’.
Depois de viver por 4 anos em Nova Iorque, em 2016 retorna à sua cidade natal, Rio de Janeiro, para aprofundar a pesquisa na residência artística Despina. No ano seguinte foi convidada para ir às montanhas da Romênia fazer parte de uma imersão artística promovida pelo In Context - Slanic Moldova. No ano de 2018 participou do LabVerde, programa de arte na floresta Amazônica conveniado ao INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) que fomenta o cruzamento de arte, natureza e ciência. Já em 2019 a artista participou da imersão ‘Utopias Práticas’ na ecovila Terra Una na Serra da Mantiqueira. Mas foi na primeira residência ‘BioArt From the Laboratory to the Studio’ na SVA em 2015 que a artista começou a usar matérias vivas como mídia artística.
Sua pesquisa chama a atenção para a presença do corpo feminino, uma observação íntima de marcas que evidenciam traços de tempo, experiências e traumas. Encontrando voz dentro do espaço vazio de dobras da pele.
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06.Dez.2022 - 28.Jan.2023
GESTOS DE CONTATO
Em sua primeira exposição individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Liana Nigri apresenta um conjunto de obras, que orbitam em torno do gesto de modelar como ato escultórico. Entre desenhos, esculturas, vídeo e fotografia, o corpo feminino é elemento fundante para a criação de obras que desdobram as formas tangíveis da pele em deformações poéticas.
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02.Fev.2022 - 26.Mar.2022
SARAVÁ Projeto GAS 2022
Anita Schwartz Galeria de Arte tem o prazer de inaugurar a exposição “Saravá” com obras de 39 artistas. Entre pinturas, desenhos, objetos, instalações e vídeos, artistas de diferentes cidades do Brasil e do exterior apresentam seus trabalhos e a maioria participa também pela primeira vez de uma exposição em uma galeria de arte comercial. É a primeira vez que a Galeria realiza uma convocatória pública, e por meio da comissão de seleção, buscou apresentar um conjunto de poéticas e estéticas de diferentes contextos e linguagens da arte contemporânea. Em continuidade aos dois anos anteriores do Projeto Verão, nos quais a Galeria começou um trabalho gradativo de abertura para artistas emergentes, GAS é uma reformulação institucional do programa, afirmando o compromisso da Galeria em criar vias de acesso e abertura de caminhos para novos artistas.
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Gestos de contato
Em sua primeira exposição individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Liana Nigri apresenta um conjunto de obras, que orbitam em torno do gesto de modelar como ato escultórico. Entre desenhos, esculturas, vídeo e fotografia, o corpo feminino é elemento fundante para a criação de obras que desdobram as formas tangíveis da pele em deformações poéticas.
A atenção dedicada pela artista aos espaços vazios, presentes em obras esculpidas nas dobras e curvas do corpo, referem-se tanto ao silenciamento e invisibilidade histórica submetida às mulheres, quanto à força de criação e manutenção da vida. A artista constrói um pensamento escultórico que se faz pelas bordas, enaltecendo as fissuras e os cantos, como reflexão sobre os cortes e linhas de fuga necessárias no embate contra as violências sistêmicas.
Liana Nigri engendra aspectos profundos das relações entre corpo e matéria em sua exposição. Nos últimos dois anos, a artista aproximou o seu processo de pesquisa artística à maternidade, concebendo uma série de trabalhos que acompanharam as etapas da sua gestação, registrando a passagem do tempo de um corpo em plena mutação. O corpo, compreendido em sua plasticidade artística, torna-se inspiração para exercícios de criação que expressam a expansão dos contornos da artista. Em uma das obras, Liana desenhou a silhueta de sua barriga em crescimento: ao longo de 9 meses, sempre no mesmo ângulo, sobre a mesma superfície de papel, delicadas linhas de carvão surgem como marcadores da forma.
Na série “Expansão de Contornos”, Liana produziu um molde da sua barriga no último mês da gravidez. A partir desse primeiro molde de gesso, produziu peças de porcelana que receberam a transferência das texturas e marcas do corpo capturadas pelo molde original. A topografia das peças de porcelana é modificada pela artista, recebendo novas dobras e torções, em uma aproximação ao pensamento onírico da concha como ninho. Conecta-se assim a filósofos e escritores como Gaston Bachelard e Victor Hugo, que descreveram o bem-estar vividos pelo espaço da concha, como uma imagem poética da casa, compreendida em sua essência primitiva de proteção e amorosidade.
A ideia de aconchego que as conchas evocam são trazidas pela artista em suas esculturas, nas quais o corpo é apresentado como casa, e na sua potência de acolhimento e nutrição, modela sua forma à medida que oferece abrigo ao pequeno ser que dentro de seu corpo é abraçado.
E no compasso de uma eterna dança, entre gestos e contatos, as obras de Liana Nigri pulsam o desejo de envolver a todos na pele do mundo, e habitar as suas porosidades, na busca de refúgios para a nossa transcendência.