Thomas Florschuetz
Thomas Florschuetz
1957 - Zwichau | Alemanha Oriental
Vive e trabalha em Paris e Berlim.
Thomas Florschuetz é um artista plástico cujo trabalho fotográfico se concentra na exploração do corpo humano, mas não numa abordagem convencional de tematização. Desde o início de sua carreira, suas imagens se destacam por perspectivas radicais, revelando detalhes da superfície do corpo que tornam indistintas suas partes. A série "Early Bodyfigures" (1980-1990) marca uma fase crucial em sua trajetória, na qual ele amplia a dimensão da autorrepresentação, transgredindo os limites do eu através da documentação de sua própria performance, ao capturar fragmentos de sua identidade, como mãos, pés e rostos.
A partir dos anos 1990, Florschuetz intensifica a investigação formal em suas obras, que se manifestam em montagens de grande escala, desafiando a noção tradicional de retrato. Seus trabalhos contemporâneos são caracterizados por uma monumentalidade provocativa, onde partes ampliadas de seu corpo se entrelaçam em composições orgânicas de cores artificiais e vibrantes, particularmente com o uso do vermelho, subvertendo a escala e a percepção da figura humana. Essa dualidade entre o caótico e o clássico confere à sua fotografia uma potência imersiva, transportando o espectador a um universo onde a intimidade do corpo se transforma em uma experiência quase liliputiana.
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05.Fev.2015 - 14.Mar.2015
A primeira do ano – Pequenos formatos
Anita Schwartz Galeria de Arte, apresenta a exposição "A primeira do ano - Pequenos Formatos", com cerca de 50 obras inéditas e recentes de 22 artistas, como Abraham Palatnik, Ana Holck, Angelo Venosa, Bruno Vilela, Carla Guagliardi, Claudia Bakker, Daisy Xavier, Estela Sokol, Everardo Miranda, Gustavo Speridião, José Paulo, Maria Lynch, Niura Bellavinha, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Rochelle Costi, Thomas Florschuetz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, entre outros.
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17.Jul.2014 - 23.Ago.2014
Passageiro
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 16 de julho, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Passageiro”, do fotógrafo alemão Thomas Florschuetz, que mostrará, em sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, 12 fotografias inéditas, em grande formato, produzidas entre 2008 e 2014. O artista, nascido em Zwickau, Alemanha, em 1957, mora em Berlim, mas passa temporadas no Rio de Janeiro. Recentemente, passou a integrar o time de artistas da galeria. Thomas Florschuetz possui obras em importantes coleções, como MoMA de Nova York; Maison Europeénne de la Photographie, em Paris; Museus de Belas Artes de Boston e de Houston; National Museum of Photography, em Copenhagen; Museum of Contemporary Art, em Oslo; no Staatliche Museen em Berlim, entre muitas outras.
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Passageiro: Thomas Florschuetz
Este texto de apresentação é um desdobramento de outro que escrevi para a exposição de Thomas Florschuetz na Pinacoteca de São Paulo em 2006. É muito positivo uma galeria carioca trazer para seu espaço um importante artista da cena contemporânea alemã, onde a fotografia tem um lugar tão destacado. No museu paulista tratava-se de uma exposição mais panorâmica, mas a presença da arquitetura - uma obsessão antiga - já era significativa. As possibilidades poéticas da fotografia nos últimos anos são variadas, particularmente pela recusa da oposição, tão típica da pintura modernista, entre forma e imagem. O desenvolvimento técnico e a liberdade experimental têm feito da fotografia um veículo de invenção e disseminação de uma visualidade comum. Comum no sentido de compartilhada, não no sentido de banal. Neste campo imagético onde se misturam o que é dado e o que é construído, a imagem e a forma, vemos se desenvolver a obra fotográfica de Thomas Florschuetz.
Qualquer um em todo lugar carrega consigo uma câmera e a tendência ao registro é quase obsessiva. Tudo se torna imagem e nada surpreende o olhar. Nas imagens de Florshuetz é a surpresa do detalhe que sobressai. Nela articulam-se o visível e o invisível, nossos modos de ver e nossa capacidade de deslocar o que é visto, seja pela surpresa seja pelo estranhamento. Um elemento arquitetônico se destaca do todo e fica, ao mesmo tempo, próximo e impessoal. A sua fotografia fala pelo silêncio, revela o que não se mostra. O comum e o singular, o público e o privado, o íntimo e o impessoal são postos constantemente em tensão. A precisão técnica, sem se restringir à valorização formal, contribui para dar liberdade ao olhar, desviando-o do já sabido – vê-se o que não se mostra.
As fotografias primeiramente seduzem o olhar e depois o levam a um movimento imaginário. Na série das arquiteturas, projetos canônicos do modernismo aparecem como resíduo de uma utopia perdida, porém vital. O que não se mostra, mas somos levados a pensar diante destas fotos, é o sonho de liberdade e impessoalidade que habitava aqueles espaços. Diante destas fotografias, surge o desespero do vazio, do não-lugar, dos espaços que por não serem de ninguém podem ser também de todos. Na verdade, esta promessa de uma forma que idealiza a indiferença democrática, de poder ser de todos, e o silêncio frio da não presença de ninguém, aparece nestas imagens de Thomas Florschuetz como o sinal em aberto de um legado moderno a ser enfrentado. Estas fotografias de arquitetura são documentos de uma vontade construtiva, de um sonho de forma vivido ardentemente pelos mestres modernos, que o século XXI deve retomar à sua maneira. Não há nelas nenhum juízo de valor, apenas um endereçamento silencioso que cativa o olhar e de um algum modo o obriga a responsabilizar-se pela possibilidade de uma forma que possa ser, ao mesmo tempo, comum e singular.
Na nova série com torsos vestidos, vemos uma combinação similar entre o clássico e o banal, entre a idealização do corpo e a padronização da vida - pela moda, pela indústria, pela publicidade. Nestes recortes o que interessa não é a roupa como afirmação da diferença, característica da imagem publicitária e seu apelo ao consumo, mas como elemento de uma vida impessoal, indiferente, cotidiana. É aí dentro do comum que cada um deve inventar uma vida singular.
Luiz Camillo Osorio - 2006/2014.