Yolanda Freyre
Yolanda Freyre
1940 - São Luís, Maranhão | Brasil
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.
Yolanda Freyre é uma artista plástica brasileira com uma trajetória marcada pela fusão de experiências pessoais e sociais em sua obra. Nascida em 1967, Freyre se transfere para o Rio de Janeiro, onde se forma em Museologia e se pós-grada em Teoria da Arte pela UERJ. Seu aprendizado inclui a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, sob a orientação de Lygia Pape, e instituições de renome na Europa, como a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. Com uma vasta participação em Bienais e exposições em importantes galerias, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, seu trabalho ganha reverberação internacional, abordando temas significativos como a violência e a identidade, especialmente em relação ao Nordeste brasileiro.
A obra de Freyre é caracterizada por uma evolução contínua, que vai de pinturas e performances ritualizadas à pesquisa sobre cor e luz, aproximando-se da abstração material. Influenciada por encontros com figuras como Ivan Serpa, sua produção artística também inclui práticas escultóricas em concreto, refletindo um profundo interesse por geometria. Desde os anos 90, seus temas centralizam a maternidade e a memória, culminando em 2006 com a publicação do livro "O Espelho do Artista", que explora a relação íntima entre a descoberta interior e o processo criativo. Com um repertório diversificado que abrange ações, instalações e novas linguagens, Freyre se destaca como uma voz essencial na arte contemporânea brasileira.
-
Yolanda Freyre
Iolanda Soares Freire Hinds, mais conhecida como Yolanda Freyre, nasceu em São Luís, Maranhão, em 1940. Em 1967 mudou-se para o Rio de Janeiro para iniciar a psicanálise; lá ela também começou sua formação artística. Frequentou a Escolinha de Artes do Brasil, onde estudou arte e educação, xilogravura e gravura em metal. Nesse período, sua produção artística se concentrou em temas sociais e na representação do Nordeste brasileiro. As sessões psicanalíticas de Freyre a levaram a produzir desenhos em nanquim inspirados em um imaginário pessoal da infância. Teve contato com Ivan Serpa (1923-1973), que a incentivou a desenvolver seu trabalho de desenho e pintura; ela então estudou com ele no Centro de Pesquisa em Arte. Mudou-se para Petrópolis, Rio de Janeiro, no início dos anos 1970, onde montou um ateliê.Montanha do Quitandinha (Montanha da Quitandinha, 1974), e as flores do seu jardim. Freyre também criou composições que evocam um ambiente doméstico, com elementos tradicionalmente associados à mulher, como na pintura Cabeça de galinha em toalha de crochê e hortênsia, 1974).
Em meados da década de 1970 Freyre perdeu o irmão, vítima da repressão da ditadura militar brasileira. Movida por um sentimento de indignação, ela começou a abordar esse contexto de violência em seu trabalho. Ela encenou marchas e intervenções, inicialmente em espaços públicos, e depois criou performances em sua casa para públicos seletos. Ao longo da década de 1970, o trabalho da artista evoluiu em estreita ligação com seu interesse pela psicanálise, e suas performances foram marcadas por um aspecto ritual. Em Os passarinhos da figueira , apresentado na XIII Bienal de São Paulo (1975), o artista come meio figo enquanto a outra metade é comida por um pássaro na gaiola. Em Mulher, o erótico na natureza (Woman, the erotic in nature, 1978) ,a artista registra formas femininas na paisagem, criando relações entre elas e a noção de fertilidade. Essas performances foram documentadas em objetos de livros elaborados por Freyre, mesclando imagens com seus próprios escritos. A partir de 1978 teve aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde estudou com Lygia Pape (1927–2004). Iniciou os estudos em ciências sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1980, mas abandonou o curso e voltou para Petrópolis, onde cursou o NEART (Núcleo Experimental de Arte). Na década de 1980 produziu pinturas, com particular interesse pelos estudos da cor. Seu trabalho foi exibido na França em 1985, e ela teve aulas no Centre Saint-Charles, a escola de arte da Sorbonne. Em meados da década de 1980 realiza esculturas e instalações que retomam aspectos de sua infância e da atmosfera maranhense. Posteriormente produziu pinturas monocromáticas e esculturas em concreto, refletindo seu interesse pela materialidade e geometria. A partir do final da década de 1990, o foco de seu trabalho voltou-se para assuntos ligados à esfera doméstica, memórias pessoais, natureza e maternidade.
—Amanda Arantes