Anita Schwartz XXV
A exposição Anita Schwartz XXV é uma celebração aos 25 anos de aniversário da galeria, onde essa história é contada a partir dos artistas e suas obras. A pesquisa curatorial percorreu o arquivo da galeria, fundada em 1998, em busca de imagens e textos críticos das exposições, feiras e publicações, com o intuito de construir uma linguagem possível sobre as experiências artísticas que moldaram o seu programa.
DE 10.Mai.2023 A 05.Ago.2023
Histórias são feitas de estórias, entre acontecimentos e relatos, factuais ou imaginários. Quando concebida como ciência que estuda a humanidade através do tempo, e desse modo, desencadeada por uma cronologia linear, é como um fio cheio de nós e remendos, com pontas soltas, entre silêncios e vazios. Uma exposição de arte também conta uma história. Mas, longe de estruturar uma verdade absoluta sobre algo ou alguém, as obras dos artistas configuram uma escrita de gestos sensíveis que, desfazem e refazem os fios das narrativas únicas, transformando em pavios que acendem fagulhas de esperança, e iluminam caminhos novos e inesperados.
A exposição Anita Schwartz XXV é uma celebração aos 25 anos de aniversário da galeria, onde essa história é contada a partir dos artistas e suas obras. A pesquisa curatorial percorreu o arquivo da galeria, fundada em 1998, em busca de imagens e textos críticos das exposições, feiras e publicações, com o intuito de construir uma linguagem possível sobre as experiências artísticas que moldaram o seu programa. Diante de uma atualidade acelerada, na qual lidamos cotidianamente com um volume excessivo de imagens e informações do universo midiático, que não cessam de interpelar a própria vida e influenciar os processos criativos pelo constante desejo do ineditismo, essa exposição desenha um caminho intempestivo em relação ao seu próprio tempo. Portanto, é através do olhar para o passado da galeria que instauramos a contemporaneidade, de modo que a descoberta dos vestígios recentes de sua origem estruturem o presente e firmem uma relação temporal particular.
O conjunto de vinte e sete obras, que foram cedidas gentilmente das coleções dos artistas e da própria Anita Schwartz, ao lado de trabalhos produzidos especialmente para a ocasião, organizam uma exposição que comemora também a memória cultural constituída pelas heranças simbólicas da arte brasileira. Reconhecido internacionalmente pela potência de ruptura com os padrões na percepção e recepção da arte, a obra de Abraham Palatnik é o ponto de partida para a elaboração de núcleos expositivos que agrupam os artistas em veias de diálogos. O objeto cinético, em sua convocação ao exercício livre e simultâneo das formas e cores, é a obra que irradia os campos de significação da exposição, nos quais conceitos como sutileza e densidade, matéria e espaço, luz e sombra, dentro e fora, são norteadores visuais e poéticos. Os artistas Angelo Venosa, Ivens Machado, Rochelle Costi e Wanda Pimentel são homenageados com uma menção especial ao seu legado, enquanto Waltercio Caldas, Antonio Manuel, Carlos Zílio e Lenora de Barros, estabelecem o encontro de uma geração de artistas que expandiu as fronteiras do pensamento experimental em relação ao corpo, a língua e ao conjunto de relações engendradas pela arte liberada da funcionalidade.
Como uma dobra da elaboração da arte como situação, as proposições de artistas expoentes da década de 1980 e 1990, dos quais obras de Nuno Ramos, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Daniel Feingold, Artur Lescher, Carla Guagliardi, Gonçalo Ivo e David Cury apresentam, entre pinturas e esculturas, uma quebra nos paradigmas contemplativos da arte, convidando o público a uma vivência sensorial de suas plasticidades. As obras de Andreas Albrectsen, Marjô Mizumoto, Rodrigo Braga, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Jeane Terra, Renato Bezerra de Mello, Claudia Melli e Maritza Caneca, expressam com poéticas particulares suas relações com o doméstico, o intangível, o sonoro, a invisibilidade social e a fabulação, manifestando imagens que buscam por partituras disponíveis no imaginário coletivo.
Existem várias formas de se contar uma história. Essa exposição é uma parte da história de Anita Schwartz e do projeto que, há vinte e cinco anos, abre suas portas para receber o público e difundir a arte contemporânea. Os artistas, assim como a equipe da galeria, parceiros, colecionadores, visitantes e amigos, são celebrados na exposição, pois fazem parte de sua trajetória, compartilhando um lugar comum da arte como potência de transformação e alicerce para a invenção da vida.
Bianca Bernardo, maio de 2023.
ABRAHAM PALATNIK
KK-12
, 2008
Aço inox, motores e madeira pintada
ANA HOLCK
Entroncados V
, 2023
Porcelana e aço inox
ANDREAS ALBRECTSEN
Untitled (Sleeper #VIII)
, 2022
Grafite sobre papel de poliéster
ANGELO VENOSA
Sem título
, 2021
Madeira, tecido e fibra de vidro
ANTONIO MANUEL
Labirinto
, 2013
Acrílica e papel corrugado sobre tela
ARTUR LESCHER
Armadilha para Baby #02
, 2009
Cobre e madeira
CARLA GUAGLIARDI
Mais do que cheia II
, 2012
Vidro e balão de látex
CARLOS ZILIO
Tamanduá e a Memória
, 2017
Óleo e Color Jet sobre tela
CLAUDIA MELLI
Labareda 04
, 2023
Têmpera em vidro
CRISTINA SALGADO
Sem título, série Nuas
, 1999
Técnica mista
DANIEL FEINGOLD
Oval Orgânica #3
, 2022
DAVID CURY
Brancunu, da série L.I.M.B.O.
, 2012-2023
Porcelana, ferro, acrílico, vidro, plástico, espelho, borracha, aço, nylon, silicone
GABRIELA MACHADO
Zabumba
, 2023
Acrílica sobre linho
GONÇALO IVO
Cosmogonia
, 2022
Óleo e folha de ouro sobre linho
IVENS MACHADO
Machucado e Curado, série Inscrito
, 1980
Papel pautado, vinho e intervenção de borracha
JEANE TERRA
Virtuoso
, 2022
Pintura seca sobre pele de tinta sobre tela
LENORA DE BARROS
Sem Título, da série Glove Games
, 2022-2023
Impressão jato de tinta sobre papel algodão
MARITZA CANECA
Green Pool
, 2017
Impressão em papel Hahnemuhle
MARJÔ MIZUMOTO
O que foi meu amor? (Leon Mizumoto Gomes e Marie Yuki Mizumoto Gomes)
, 2023
Óleo sobre tela
NUNO RAMOS
Minha Montanha
, 2017
Vaselina, cera de abelha, pigmentos, tinta a óleo, tecidos, plásticos e metais sobre madeira
OTAVIO SCHIPPER
Empty Voices 22
, 2011
Bronze e espuma
PAULO VIVACQUA
Triple Ohm
, 2011
Três tubos de aço inox, fios, sistema de som e sons
RENATO BEZERRA DE MELLO
Não há foto sem alguma coisa ou alguém
, 2023
Margens de fotografias antigas
ROCHELLE COSTI
Fora
, 2013
Impressão em metacrilato
RODRIGO BRAGA
Ponto Zero #13
, 2019
Impressão sobre papel algodão
WALTERCIO CALDAS
Anatomia EO 1202.1
, 2012
Aço inoxidável, granito negro e alumínio pintado
WANDA PIMENTEL
Sem título, da série Portas
, 1978
Tinta vinílica sobre madeira
