Em torno da escultura
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 26 de outubro para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Em torno da escultura”, que ocupará todo o espaço expositivo da galeria com 18 obras, sendo algumas inéditas, de importantes artistas do acervo, tendo como enfoque a escultura e outras linguagens que exploram a tridimensionalidade. Com curadoria de Guilherme Bueno, a mostra terá obras de Ana Holck, Ana Linnemann, Angelo Venosa, Antonio Manuel, Artur Lescher, Carla Guagliardi, Carlos Bevilacqua, Daisy Xavier, Estela Sokol, Felipe Cohen, Gonçalo Ivo, Gustavo Speridião, Ivens Machado, Otavio Schipper, Romano e Waltercio Caldas.
DE 27.Out.2011 A 07.Jan.2012
Em torno da escultura apresenta uma seleção do acervo da galeria Anita Schwartz cujo mote, como o título da mostra indica, são as pesquisas a partir de uma prática artística cujo papel foi fundamental na afirmação da arte contemporânea, tanto por quebrar uma certa “hegemonia” ou exemplaridade histórica da pintura, quanto por sua capacidade de absorver e expandir possibilidades em seu espaço maleável. Deve-se enfatizar, logo de início, duas peculiaridades dessa mostra: a primeira – e por isso insistimos na idéia do em torno... – é o de não se restringir a obras classificáveis como “escultura” (e, óbvio, de não descarta-las), preferindo, outrossim, perceber como o espaço outrora específico da escultura constituiu-se um campo de provas para aquelas linguagens hoje chamadas por nós de híbridas, ou seja, formadas pelas sobreposições e entrelaçamento de modalidades tradicionais. Nisso percebemos situações específicas, como obras que situam-se entre desenho e escultura, pintura e escultura, instalação e escultura, música, etc. A segunda peculiaridade é notarmos que os trabalhos aqui exibidos em sua maioria não são obras realizadas por escultores, mas por artistas que sentiram-se à vontade para experimentar um – repito – campo aberto de provas, como fica evidente se em outra ocasião pensarmos em seus respectivos trabalhos como um todo.
Do ponto de vista institucional, não deixa de merecer destaque a oportunidade de ter a nossa disposição o precioso acervo da galeria, nem sempre visível. Por ele se nota como as questões acima mencionadas são exploradas por artistas de diferentes gerações, reparando-se às vezes afinidades no uso de materiais, na solução do embate entre peso e leveza, na apropriação de objetos do cotidiano. Nisso abarcam-se diferentes processos que ampliam o repertório e as possibilidades de uma linguagem que passa a se definir menos por uma síntese do que como ponto de partida (e, dizendo de outro modo algo já mencionado aqui, trata-se ora de discutir o conceito de escultura, ora hipóteses de trabalho no terreno da escultura), assim como a natureza das operações artísticas contemporâneas, capazes de intercambiarem limites outrora tidos como intransponíveis entre si.
Guilherme Bueno