Espectros (Cadeira 17)
O artista Nuno Ramos é o regente e diretor da exposição "Espectros (Cadeira 17)", uma peça de teatro mecânica que apresentará, com humor e irreverência, visões de um Brasil contemporâneo. Em cena, cadeiras, contrapesos, caixas de som, uma corneta militar, uma cortina vermelha e os diálogos dos personagens projetados em vídeo, apresentando uma orquestração artesanal de múltiplas vozes, um tanto melancólicas, de pensadores, atrizes, músicos, jornalistas e formadores de opinião.
Apresentações - Segunda a sexta-feira: às 14h, 16h e 18h. Aos sábados: às 14h e 17h. Duração da peça 47 minutos.
DE 14.Nov.2023 A 19.Jan.2024
O Brasil que deu certo. O Brasil que não deu certo. Brasil, o país do futuro. O futuro que nunca chegou. "Vai passar, vai passar". Mas a sensação é que o passado nunca passa. Estaríamos presos em uma espécie de looping que nos joga no balanço dos poderes extremos? Ao olhar para a nossa atualidade desde uma perspectiva mais ampla, sentimos que a dor e o desejo de destruição da vida avançam a passos largos e os fundamentos éticos que deveriam ser pilares da humanidade, encontram-se em abalos sistêmicos. Pausa. A invenção de um país é a aventura de um povo se fazendo a si mesmo.
Silêncio. O espetáculo vai começar. Respeitável público! O espetáculo terá uma duração aproximada de 50 minutos, pedimos que por gentileza desliguem seus celulares. O artista Nuno Ramos é o regente e diretor da exposição "Espectros (Cadeira 17)", uma peça de teatro mecânica que apresentará, com humor e irreverência, visões de um Brasil contemporâneo. Em cena, cadeiras, contrapesos, caixas de som, uma corneta militar, uma cortina vermelha e os diálogos dos personagens projetados em vídeo, apresentando uma orquestração artesanal de múltiplas vozes, um tanto melancólicas, de pensadores, atrizes, músicos, jornalistas e formadores de opinião. Um país desenhado em retrospecto, atestando as mudanças inevitáveis e aceleradas da virada do século.
O título da exposição é composto por sentidos que se complementam na anunciação de uma obra que se faz pela voz, pelo movimento de trazer vozes de volta à vida. A palavra "Espectros", por um lado, diz respeito à fantasmagoria, no sentido das figuras incorpóreas, e nos remete ao fantasma como um conjunto de lembranças e presenças que insistem, retornam, resistindo ao próprio desaparecimento. Por outro lado, temos a "Cadeira 17", que diz respeito à culminação da jornada da atriz Fernanda Montenegro, pela recente eleição como a primeira mulher a ocupar a referida cadeira na Academia Brasileira de Letras. A ocupação da Cadeira 17 por uma atriz ressalta a ligação imensurável entre o teatro e a literatura; e também, da atuação do seu discurso de posse, temos um dos elementos catalisadores para essa obra de Nuno Ramos. Em seu discurso, Fernanda se autodenomina uma "incansável autodidata" e que o ofício de representar evidencia uma raiz arcaica e eterna com uma constante na história da humanidade: o relacionamento profundo com a arte, moldando através das eras, as complexas compreensões e apreensões do mundo e da condição humana.
Bianca Bernardo
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