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Liana Nigri, Liana Nigri GESTOS DE CONTATO

Em sua primeira exposição individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Liana Nigri apresenta um conjunto de obras, que orbitam em torno do gesto de modelar como ato escultórico. Entre desenhos, esculturas, vídeo e fotografia, o corpo feminino é elemento fundante para a criação de obras que desdobram as formas tangíveis da pele em deformações poéticas.

DE 06.Dez.2022 A 28.Jan.2023

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Em sua primeira exposição individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Liana Nigri apresenta um conjunto de obras, que orbitam em torno do gesto de modelar como ato escultórico. Entre desenhos, esculturas, vídeo e fotografia, o corpo feminino é elemento fundante para a criação de obras que desdobram as formas tangíveis da pele em deformações poéticas.

A atenção dedicada pela artista aos espaços vazios, presentes em obras esculpidas nas dobras e curvas do corpo, referem-se tanto ao silenciamento e invisibilidade histórica submetida às mulheres, quanto à força de criação e manutenção da vida. A artista constrói um pensamento escultórico que se faz pelas bordas, enaltecendo as fissuras e os cantos, como reflexão sobre os cortes e linhas de fuga necessárias no embate contra as violências sistêmicas.

Liana Nigri engendra aspectos profundos das relações entre corpo e matéria em sua exposição. Nos últimos dois anos, a artista aproximou o seu processo de pesquisa artística à maternidade, concebendo uma série de trabalhos que acompanharam as etapas da sua gestação, registrando a passagem do tempo de um corpo em plena mutação. O corpo, compreendido em sua plasticidade artística, torna-se inspiração para exercícios de criação que expressam a expansão dos contornos da artista. Em uma das obras, Liana desenhou a silhueta de sua barriga em crescimento: ao longo de 9 meses, sempre no mesmo ângulo, sobre a mesma superfície de papel, delicadas linhas de carvão surgem como marcadores da forma.

Na série “Expansão de Contornos”, Liana produziu um molde da sua barriga no último mês da gravidez. A partir desse primeiro molde de gesso, produziu peças de porcelana que receberam a transferência das texturas e marcas do corpo capturadas pelo molde original. A topografia das peças de porcelana é modificada pela artista, recebendo novas dobras e torções, em uma aproximação ao pensamento onírico da concha como ninho. Conecta-se assim a filósofos e escritores como Gaston Bachelard e Victor Hugo, que descreveram o bem-estar vividos pelo espaço da concha, como uma imagem poética da casa, compreendida em sua essência primitiva de proteção e amorosidade.

A ideia de aconchego que as conchas evocam são trazidas pela artista em suas esculturas, nas quais o corpo é apresentado como casa, e na sua potência de acolhimento e nutrição, modela sua forma à medida que oferece abrigo ao pequeno ser que dentro de seu corpo é abraçado.

E no compasso de uma eterna dança, entre gestos e contatos, as obras de Liana Nigri pulsam o desejo de envolver a todos na pele do mundo, e habitar as suas porosidades, na busca de refúgios para a nossa transcendência.

Bianca Bernardo


Cheia (da série Expansão de Contornos) , 2022


Preamar (da série Expansão de Contornos) , 2020

Eixos (da série Vazante) , 2018


5 Meses (da série Vazante) , 2019


8 Meses (da série Vazante) , 2022


Contornos nº1 (da série Expansão de Contornos) , 2022


Contornos nº2 (da série Expansão de Contornos) , 2022


Contornos nº3 (da série Expansão de Contornos) , 2022


Contornos nº4 (da série Expansão de Contornos) , 2022


Contornos nº5 (da série Expansão de Contornos) , 2022


Bocas em Dobras (da série Vazante) , 2018


Gestos nº1 (da série Contato) , 2022


Gestos nº2 (da série Contato) , 2022


Gestos nº3 (da série Contato) , 2022


Gestos nº4 (da série Contato) , 2022


Gestos nº5 (da série Contato) , 2022


Contato , 2018