
Inatividade Contemplativa
Inaugurando a programação de exposições de 2025, Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta Inatividade contemplativa, 5ª edição do Projeto GAS – coletiva de verão. Inspirada no livro “Vita contemplativa: ou sobre a inatividade”, do filósofo sul-coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han, a exposição reverencia a pausa, o respiro e a fruição do tempo livre como um momento de repouso sagrado que reúne em si intensidade vital e contemplação.
DE 29.Jan.2025 A 22.Mar.2025
“A inatividade tem sua própria lógica, sua própria linguagem, sua própria temporalidade, sua própria arquitetura, seu próprio esplendor, sua própria magia [...] A inatividade é uma forma reluzente da existência humana.”
Byung-Chul Han
Inaugurando a programação de exposições de 2025, Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta Inatividade contemplativa, 5ª edição do Projeto GAS – coletiva de verão. Inspirada no livro “Vita contemplativa: ou sobre a inatividade”[1], do filósofo sul-coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han, a exposição reverencia a pausa, o respiro e a fruição do tempo livre como um momento de repouso sagrado que reúne em si intensidade vital e contemplação.
Início de ano, começo de ciclo, energia vibrante, vontade de renovação. Talvez seja esse o breve e mais propício período para reflexões em meio ao atual ritmo acelerado da vida contemporânea. Imersos em uma sociedade que supervaloriza a produtividade e os estímulos de conectividade, o nosso dito tempo-livre foi transformado em momento para cumprir tarefas pendentes, não realizadas nas “horas úteis”. Seguimos um comportamento mecânico, associando o conceito de inatividade à ideia de inutilidade e vazio.
Em seu ensaio filosófico, Byung-Chul Han pondera sobre a importância da inatividade para o ser humano e argumenta que onde impera apenas o esquema de estímulo e reação, de problema e solução, de objetivo e ação, a vida se reduz à sobrevivência, à vida animalesca nua. Se perdemos a capacidade para a inatividade, igualamo-nos a uma máquina que deve apenas funcionar. Sem o repouso, o ser humano se esvai de vitalidade e perde o divino. Byung-Chul Han defende a necessidade de períodos de não produtividade, dedicados à contemplação e à escuta, como forma de reconexão com a nossa essência vital e com o todo da natureza. Para ele, o ser humano não é senão um concidadão em uma república dos seres vivos, da qual também fazem parte plantas, animais, pedras, nuvens e estrelas.
A exposição Inatividade contemplativa bebe desta fonte e reúne obras de artistas representados pela Anita Schwartz Galeria de Arte e alguns convidados que se conectam com o princípio da contemplação como um momento rico de fruição. Um convite aos visitantes para apreciarem pinturas, esculturas, fotografias e obras desenvolvidas em diferentes técnicas como afresco, bordado e mídia mista, permitindo-se deixar permear, aqui e agora, silenciosamente, sem pressa.
A contemplação da natureza é o ponto de partida das obras expostas no andar térreo da galeria. Adriana Vignoli apresenta esculturas, objeto e desenho colagem que abordam a relação entre plantas e cosmologia e a transmutação de materiais. Da apreciação e registro fotográfico de diferentes rios do Brasil, nasce a composição digital de Claudia Jaguaribe, “Confluência”. Em sua série mais recente, Fernando Lindote parte da contemplação das cores, formas e texturas das flores para a produção de obras que misturam diferentes estilos de pintura em uma única composição. Gabriela Machado incorpora as formas da natureza e a observação do ambiente que a rodeia em painéis de grande escala e cores vibrantes, através de movimentos gestuais fluidos, que conectam o corpo do pintor com o corpo da pintura. Luiz Eduardo Rayol manifesta o sublime e reflete sobre existência e mortalidade, através de sua pintura de contorno irregular “Toda a história do mundo”. Rosana Palazyan registra em bordado a memória das folhas que viu nascer, das plantas adormecidas que germinaram no jardim e foram replantadas na terra do Parque da Catacumba, durante o desenvolvimento da obra “O Jardim Adormecido da Catacumba”, realizada em 2024. Thiago Rocha Pitta incorpora em afresco e aquarela elementos captados pela retina, em momentos de observação minuciosa do céu durante a noite: um eclipse, um cometa, a imagem do mapa celeste. E as composições abstratas de Tiago Mestre partem de uma constante observação do mundo e incorporam elementos como fogo, fumaça, corpos celestes e terrestres, além de refletirem sobre temas relacionados à nossa genealogia cósmica e à interconexão de todas as coisas.
No segundo andar da galeria, o convite à contemplação se dá pela poesia, pelo onírico e pela curiosidade acerca de formas e materiais. Bruna Snaiderman nos instiga a desvendar o efeito óptico de sua obra laminada. Lenora de Barros saltita nas sílabas do silêncio com a sua poesia performática. Maria Baigur capta o nosso olhar pelo movimento de marés improváveis, enquanto Maritza Caneca hipnotiza os nossos sentidos num registro particular de luz e cor. Nathalie Ventura suscita reflexões acerca do sentido da nossa existência e a nossa relação com o meio-ambiente, através de esculturas que entrelaçam malha de alumínio e ferro com elementos naturais. E Thiago Rocha Pitta apresenta aquarelas em pequenos formatos, sugerindo reflexões acerca do ambiente natural e do universo onírico.
[1] Han, Byung-Chul. Vita contemplative: ou sobre a inatividade / Byung-Chul Han; tradução de Lucas Machado. Petropolis, RJ: Vozes, 2023.
Cecília Fortes
Curadora
ADRIANA VIGNOLI
Três luas desorbitantes. Série: "Dente do Tempo"
, 2022
Vidro, mármore, latão, elástico, cerâmica e grafite - 54 x 82cm
ADRIANA VIGNOLI e LUIZ EDUARDO RAYOL
"ASTROFLORA III - Flor de ipê branco, 2024" e "Toda história do mundo - XIV, 2022"
, Escultura e Painel à esquerda.
Vista Térreo | Latão e usinagem de aço - 60x60cm // Acrílica, têmpera e papel e painel - 150 x 130cm
ADRIANA VIGNOLI
Série: "Orto para uma Bio Escultura, 2022" e Série: "Pequi-concreto, 2022/23".
Concreto, grafite, óleo e fine art // Objetos fundidos em latão.
FERNANDO LINDOTE e ROSANA PALAZYAN
Vista térreo
FERNANDO LINDOTE
A Cisão da Superfície (Vaso Verde) [detalhe]
, 2024
Óleo sobre tela - 120 x 120 cm.
ROSANA PALAZYAN
O Jardim Adormecido e a memória da terra [detalhe]
, 2024
Bordado sobre tecido - 54 cm x 50 cm.
TIAGO MESTRE
Na ordem, "Sem Título" e "Sol e Lua" (seleção telas)
, 2023
Vista térreo | Óleo sobre tela - 160 x 130 cm (cada)
TIAGO MESTRE
Sol e Lua [detalhe]
, 2022
Óleo sobre tela - 160 x 130 cm
GABRIELA MACHADO
Caderno cor de laranja
, 2024
Acrílica sobre linho - 200 x 200 cm
TIAGO MESTRE e GABRIELA MACHADO.
Esculturas de Tiago e Telas de Gabriela.
Vista térreo | Cerâmica // Acrílica sobre linho.
CLAUDIA JAGUARIBE e TIAGO MESTRE
Na ordem, "Confluência, 2019" , "Gruta com cachoeira, 2025" e "Lago com cobra e pedras, 2024"
Vista térreo | Impressão // Cerâmica
TIAGO MESTRE
Gruta com cachoeira
, 2025
Cerâmica - 50 x 25 x 7 cm
CLAUDIA JAGUARIBE
Confluência
, 2019
Impressão fineart, papel Hahnemühle PhotoRag 308g - 122 x 88 cm
Vista 2º andar
LENORA DE BARROS
Só por es-tar
, 2009
Impressão jato de tinta sobre papel de algodão (edição 4/5 + 2 PA) - 250x10cm
BRUNA SNAIDERMAN
Sem título, Série: Presença através da Ausência
, 2025
Vinil e tinta laca nitrocelulosa sobre metacrilato - 71,5 x 100 x 16 cm
MARIA BAIGUR
Série: Marés, II
, 2024
Papel fine art 250g (edição única) - 96 x 66 cm
Vista 2º andar
THIAGO ROCHA PITTA e MARITZA CANECA
Na ordem, "O broto e os sonhos (tríptico), 2022" e "Turrel, 2019"
Aquarela sobre papel - 57 x 42,5cm (cada) // Impressão em papel algodão - 80 x 120cm
NATHALIE VENTURA
"Lembranças de que existimos 2, 2025", "Repouso 2, 2024" e "Os horizontes não inventaram pontos de fuga, 2022"
Vista 2º andar
NATHALIE VENTURA
Repouso 2
, 2024
Malha de ferro e pedra - 21 x 19,5 x 2cm
THIAGO ROCHA PITTA
"O retorno de bendegó" (seleção, 2º quadro)
, 2021
Vista térreo | Afresco - 150 x 100cm
THIAGO ROCHA PITTA
Eclipse da lua (27.07.2018)
, 2019
Aquarela sobre papel - 85 x 132 cm
THIAGO ROCHA PITTA
Mapa celeste da noite (02.09.2018)
, 2021
Aquarela sobre papel - 130 x 132 cm
Vista Térreo